Dicas para arte fluida + Bónus: como começar a criar esta arte?

A arte fluida, também conhecida como derramamento acrílico, pode parecer muito acessível ao início, mas há certas coisas que devemos saber antes de começar. Quando comecei, também cometi alguns erros (ainda cometo uma vez ou outra, haha) e, por isso, decidi criar estas dicas para arte fluida.

Que dicas para arte fluida deves ter em conta?

1 – Vê vídeos e faz apontamentos.

Foi assim que comecei. Dá uma vista de olhos em canais conhecidos no YouTube e estuda como deves misturar as tintas, que meios podes usar, a preparação da tela, tipos de “pouring”, entre muito mais. Consegues encontrar muitos artistas que mostram como fazem a sua arte e depois podes adaptar para ti, usando as dicas que achares mais relevantes. Presta atenção ao que os artistas fazem, principalmente, pois nem sempre dizem como fazem a preparação ou como realizar as técnicas.

2 – Pensa antes de executar.

Eu quando comecei fazia as coisas à toa. É engraçado colocar a tinta num copo e depois deixar fluir. Contudo, nem sempre funciona. Se quiseres desenvolver as tuas habilidades, tens de planear.

Que cores vais usar? Que tipo de derramamento? Vais usar a técnica “open cup” ou um funil ou outra? Qual será a cor da base?

Vou-te contar um erro que cometi com um quadro. Eu queria usar a técnica “open cup”, nunca tinha experimentado antes. Criei a base, coloquei a tinta no copo aberto e depois na hora de o passar pelo quadro, a tinta espalhou-se toda e cobriu a base que eu tinha feito. A minha ideia era criar um caminho pelo quadro, e deixar visível a base. O que se passou aqui? Usei um copo demasiado grande, portanto usei muita tinta e por isso ela espalhou-se toda. Parece um erro mesmo parvo, mas acredita, acontecem muitos erros destes quando não pensamos bem sobre o que vamos fazer.

3 – Certifica-te de que tens os materiais todos disponíveis.

Não faças como eu, que me esqueço das coisas e depois ando à procura delas. Ok, agora já não faço tanto isso, mas ao início era uma confusão. Pensa bem no que vais usar e coloca tudo perto de ti. O quadro, a tinta, o “pouring medium”, água, espátula, copos suficientes, papel de cozinha (isto é muito importante!), etc.

Dica bónus para este ponto: se não tiveres o teu próprio estúdio e tiveres de guardar tudo em tua casa, compra um carrinho com rodas, daqueles que se usam na cozinha. O carro que eu uso tem três prateleiras e consigo guardar lá os materiais indispensáveis.

4 – Não tenhas medo de gastar tinta.

Eu ainda luto contra isto. Se fores uma pessoa poupadinha que não gosta de desperdício, esta dica é para ti. Não tenhas medo de colocar tinta a mais nos copos (mas também não coloques em demasia). Eu costumava usar sempre pouca tinta e depois não conseguia preencher bem o quadro. Resultado: ficava tudo mal e tinha de começar de novo, desperdiçando a tinta, que era precisamente o que pretendia evitar.

Esta ferramenta da Olga Soby ajuda imenso a saber quantos mililitros de tinta deves usar dependendo do tamanho do quadro. Basta inserires as medidas e ela diz-te os mililitros necessários.

5 – Escolhe o pouring medium.

A maioria dos artistas usa o meio da Liquitex ou Floetrol. Eu uso o pouring medium da Marabu, misturado com um pouco de água. Basicamente, eu coloco a tinta no copo, depois um pouco de água e misturo. Em seguida, coloco o meio e volto a misturar. Eu gosto deste da Marabu porque permite-me criar algumas células engraçadas. Também podes usar somente água, se o teu orçamento ainda for baixo. A fórmula é a seguinte:

60% tinta + 40% água

Ou se quiseres usar o meu método com o meio da Marabu:

60% tinta + 10% água + 30% pouring medium

Se quiseres usar somente água, recomendo vivamente a usar a fórmula 60/40, a margem de erro será muito reduzida. No entanto, tem atenção, porque dependendo da marca do acrílico, pode não funcionar muito bem. As tintas Amsterdam são muito boas para usar somente com água. Deves ter também em conta que se usares água a mais, a tinta vai quebrar quando secar, então tem cuidado.

Quanto à segunda fórmula, ela não é assim tão precisa; eu coloquei percentagens aproximadas. Tenho a mania de fazer tudo a olho, então já consigo misturar as tintas sem a ajuda da balança. Outra nota a ter em conta: esta fórmula funciona, para mim, com a marca Marabu. Se quiseres usar outra marca, faz testes primeiro.

6 – Prepara o espaço de trabalho.

De todas as dicas para arte fluida, esta é uma das mais importantes, embora não pareça, principalmente se trabalhas em casa. Neste tipo de arte, a tinta vai para todo o lado. Por isso, é importante cobrir bem a mesa de trabalho, assim como cobrir o chão com plástico. Assim, se a tinta cair ao chão, não o vai sujar; quanto à mesa, vai ficar cheia de tinta certamente.

Outro factor importante é o pó. A área deve estar limpa e livre de pó. Caso contrário, enquanto o quadro seca, o pó vai-se agarrar e arruinar um excelente trabalho. Portanto, o ideal é aspirar bem o local antes de trabalhar.

7 – Tira notas enquanto estás a fazer as tuas pinturas.

Esta é uma das dicas para arte fluida mais essenciais. Todos nós aprendemos dos nossos erros. Por isso, é importante tirar notas do que correu mal, para corrigir, mas também do que correu bem. Assim é que vamos aprendendo.

8 – Como evitar aqueles pedaços de tinta que não se diluem? E as bolhas de ar?

Pois é, isto é um pesadelo para quem cria arte fluida e já cheguei a ficar muito frustrada com isto. Se usares floetrol ou outro pouring medium, o ideal é filtrar a tinta para que esses pedaços fiquem no filtro. Quando eu misturo com água, isto não acontece tanto (por isso uso esse método), mas principalmente se usares floetrol, isto pode acontecer. Também me aconteceu quando eu usava somente o pouring medium, por isso comecei a misturar também com água. Por mais abstracta que seja a arte, ninguém quer aqueles pedaços de tinta. Se, entretanto, encontrares pedaços de tinta na pintura, podes facilmente removê-los com um palito, se ainda estiver molhada.

Quanto às bolhas de ar, é mais fácil. Deves ter um maçarico à mão; o calor do maçarico vai retirar todas as bolhas de ar e ainda ajuda a criar células lindas. Mas tem cuidado, passa o maçarico depressa e não em demasia, senão vais queimar a tinta.

Também é importante limpar bem a tela antes de derramar a tinta, pois qualquer sujidade pode causar saliências indesejadas.

E se houver pedaços de tinta quando esta já estiver seca? Está tudo perdido? Não! Podes usar folha de lixa para retirar essas saliências. Recomendo usar o grão 180, porque é menos abrasivo e não se vai notar tanto o efeito da lixa no quadro. Se for necessário, faz uns ajustes com o pincel por cima dessas zonas, usando a mesma cor, claro, para disfarçar. Depois, é só envernizar!

Dicas para arte fluída: BÓNUS

E se tudo correr mal?

Não te preocupes, sem stress. Se o quadro ficar todo mal, o importante é que aprendeste. Tenta entender o que correu mal e o que precisas de melhorar para a próxima. Já todos os artistas estiveram nessa fase.

Lembras-te da minha tentativa falhada que mencionei acima? Como vi que estava tudo mal, retirei a tinta com a espátula, para ela cair no tabuleiro, depois deixei-a secar para criar bijuteria, aproveitando a tinta seca. Nada está perdido!

O processo de criação de arte fluida tem de ser prazeroso e relaxante. Se fores uma pessoa ansiosa e stressada, não conseguirás aproveitar o processo nem aprender bem dos erros que cometeste. Falo por mim, eu sou um pouco stressada e ao início quando as coisas corriam mal, desmotivava rapidamente. Não deixes que a ansiedade e a desmotivação ganhem terreno. Se ainda estás a aprender, os erros são perfeitamente normais. Aliás, os erros são os teus maiores professores, porque a partir deles vais aprender como deves fazer.

Gostaste destas dicas para arte fluida? Com elas, podes começar a pôr mãos à obra!